Em seu segundo projeto que busca a união harmônica entre design e artesanato, o Grupo _ATY – formado pelas designers Mari Dabbur, Marina Dias, Maria Helena Emediato, Maria Fernanda Paes de Barros e Aline Cassia Victor – cumpre o desafio de incluir a cerâmica artesanal em suas peças de mobiliário. Luminárias, mesas, estantes, espelhos e objetos decorativos fazem parte da mostra.
Para tanto, elas passaram por um processo de imersão com o objetivo de compreender toda a metodologia percorrida pelas artesãs na produção de flores, bonecas e outros artigos em cerâmica. Mais do que o conhecimento técnico em relação ao molde, tratamento, queima e outros processos, as designers entraram em contato com o que parece haver de mais precioso naquele pequeno povoado: as histórias de mulheres fortes e independentes que têm no barro a sua principal ferramenta para moldar o presente e mudar seu futuro.
“No Vale as vidas são moldadas de acordo com as condições encontradas, no dia-a-dia a fé e a resiliência são ferramentas fundamentais para se viver. Isso aparece regularmente nos trabalhos desenvolvidos pelas artesãs e será possível ver alguns destes traços na exposição”, revela Mari Dabbur.
Hospedadas na casa da ceramista Deuzani Gomes dos Santos, durante longas horas de conversa e troca de experiências, as designers descobriram que um dos sonhos da artesã era o desenvolvimento de uma mesa. Como forma de agradecimento pelo acolhimento tão verdadeiro que tiveram, as cinco se reuniram para realizá-la.
“O desenho foi surgindo a partir da descrição que a Deuzani tinha na cabeça. A partir daí, fomos lapidando, até chegarmos ao modelo que ela sempre imaginou”, afirma Marina Dias.
Na exposição, o grupo traduz a realidade poética que circunda o vilarejo por meio de registros, impressões e peças que mostram ao espectador como as mulheres transformam o barro e as pedras do caminho em flores e cores. Uma analogia direta à realidade que vivem todos os dias. “A criação dos filhos, a manutenção da casa e até mesmo a realização de seus sonhos, quase sempre se faz possível por conta da modelagem do barro”, completa Maria Helena.
Contando as histórias e peculiaridades por trás da produção de cada peça, a mostra conta com uma roda de conversa marcada para o dia 12 de agosto, onde devem contar os detalhes da experiência.
Histórias escritas por mãos femininas
Esta é a segunda vez do Grupo _ATY na realização de uma exposição que integra design, artesanato e histórias de mulheres inspiradoras. Há dois anos, antes da chegada de Aline Victor ao grupo, elas apresentaram Fio da Meada, uma experiência que incorporou o potencial têxtil de artesãs da cidade de Muzambinho, também em Minas Gerais, à produção de luminárias, mesas, cadeiras, balanços, prateleiras, entre outros.
Por meio destes projetos, as designers buscam a valorização do trabalho artesanal, mas fugindo do lugar comum e buscando sua assimilação ao mobiliário. “Pretendemos quebrar o estereótipo existente em relação ao artesanato, levando um novo olhar para estas comunidades e para o produto de seu trabalho”, afirma Maria Fernanda Paes de Barros.
Com formações, carreiras e interesses distintos, elas têm no design e na criação os elementos que promovem a sua união. “Compreendemos que o design não se trata apenas de criar novos objetos. Nossas peças são resultado de experiências, trocas, sentimentos e múltiplas histórias”, finaliza Aline Victor.
_ATY : contando histórias e mantendo tradições
O grupo _ATY, formado pelas designers, Mari Dabbur, Maria Fernanda Paes de Barros, Marina Dias, Maria Helena Emediato e Aline Victor busca tecer histórias mantendo tradições.
_ATY é um sufixo guarani que significa a união de várias partes. Cada designer tem seu trabalho autoral próprio e, paralelamente como grupo, pesquisa o artesanato brasileiro e compartilha a experiência. O resultado são peças de mobiliário, objetos, exposições, palestras e ações que refletem visões diferentes de uma mesma vivência, que coexistem e reforçam a pluralidade.
A experiência começa com uma viagem de imersão na qual, por meio das histórias, técnicas e tradições das comunidades que visitam, as designers buscam incorporar o artesanato ao design de modo a valorizá-lo, quebrando o estereótipo do trabalho manual regional e levando um novo olhar para o potencial artesão brasileiro.
Fonte : http://www.acasa.org.br/evento.php?id=185
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