terça-feira, 12 de setembro de 2017

EXPOSIÇÃO MOLDAR MUDAR: A VIDA MOLDADA NO BARRO DA ALMA

A CASA museu do objeto brasileiro inaugura no dia 02 de agosto, quarta-feira, a exposição Moldar Mudar: a vida moldada no barro da alma. A mostra apresenta visões distintas de uma mesma experiência: uma viagem ao município de Coqueiro Campo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, região conhecida como um dos principais polos da produção cerâmica artesanal brasileira.

Em seu segundo projeto que busca a união harmônica entre design e artesanato, o Grupo _ATY – formado pelas designers Mari Dabbur, Marina Dias, Maria Helena Emediato, Maria Fernanda Paes de Barros e Aline Cassia Victor – cumpre o desafio de incluir a cerâmica artesanal em suas peças de mobiliário. Luminárias, mesas, estantes, espelhos e objetos decorativos fazem parte da mostra.

Para tanto, elas passaram por um processo de imersão com o objetivo de compreender toda a metodologia percorrida pelas artesãs na produção de flores, bonecas e outros artigos em cerâmica. Mais do que o conhecimento técnico em relação ao molde, tratamento, queima e outros processos, as designers entraram em contato com o que parece haver de mais precioso naquele pequeno povoado: as histórias de mulheres fortes e independentes que têm no barro a sua principal ferramenta para moldar o presente e mudar seu futuro.

“No Vale as vidas são moldadas de acordo com as condições encontradas, no dia-a-dia a fé e a resiliência são ferramentas fundamentais para se viver. Isso aparece regularmente nos trabalhos desenvolvidos pelas artesãs e será possível ver alguns destes traços na exposição”, revela Mari Dabbur.

Hospedadas na casa da ceramista Deuzani Gomes dos Santos, durante longas horas de conversa e troca de experiências, as designers descobriram que um dos sonhos da artesã era o desenvolvimento de uma mesa. Como forma de agradecimento pelo acolhimento tão verdadeiro que tiveram, as cinco se reuniram para realizá-la. 

“O desenho foi surgindo a partir da descrição que a Deuzani tinha na cabeça. A partir daí, fomos lapidando, até chegarmos ao modelo que ela sempre imaginou”, afirma Marina Dias.

Na exposição, o grupo traduz a realidade poética que circunda o vilarejo por meio de registros, impressões e peças que mostram ao espectador como as mulheres transformam o barro e as pedras do caminho em flores e cores. Uma analogia direta à realidade que vivem todos os dias. “A criação dos filhos, a manutenção da casa e até mesmo a realização de seus sonhos, quase sempre se faz possível por conta da modelagem do barro”, completa Maria Helena.

Contando as histórias e peculiaridades por trás da produção de cada peça, a mostra conta com uma roda de conversa marcada para o dia 12 de agosto, onde devem contar os detalhes da experiência.

Histórias escritas por mãos femininas

Esta é a segunda vez do Grupo _ATY na realização de uma exposição que integra design, artesanato e histórias de mulheres inspiradoras. Há dois anos, antes da chegada de Aline Victor ao grupo, elas apresentaram Fio da Meada, uma experiência que incorporou o potencial têxtil de artesãs da cidade de Muzambinho, também em Minas Gerais, à produção de luminárias, mesas, cadeiras, balanços, prateleiras, entre outros. 

Por meio destes projetos, as designers buscam a valorização do trabalho artesanal, mas fugindo do lugar comum e buscando sua assimilação ao mobiliário. “Pretendemos quebrar o estereótipo existente em relação ao artesanato, levando um novo olhar para estas comunidades e para o produto de seu trabalho”, afirma Maria Fernanda Paes de Barros. 

Com formações, carreiras e interesses distintos, elas têm no design e na criação os elementos que promovem a sua união. “Compreendemos que o design não se trata apenas de criar novos objetos. Nossas peças são resultado de experiências, trocas, sentimentos e múltiplas histórias”, finaliza Aline Victor.

_ATY : contando histórias e mantendo tradições

O grupo _ATY, formado pelas designers, Mari Dabbur, Maria Fernanda Paes de Barros, Marina Dias, Maria Helena Emediato e Aline Victor busca tecer histórias mantendo tradições.

_ATY é um sufixo guarani que significa a união de várias partes. Cada designer tem seu trabalho autoral próprio e, paralelamente como grupo, pesquisa o artesanato brasileiro e compartilha a experiência. O resultado são peças de mobiliário, objetos, exposições, palestras e ações que refletem visões diferentes de uma mesma vivência, que coexistem e reforçam a pluralidade.

A experiência começa com uma viagem de imersão na qual, por meio das histórias, técnicas e tradições das comunidades que visitam, as designers buscam incorporar o artesanato ao design de modo a valorizá-lo, quebrando o estereótipo do trabalho manual regional e levando um novo olhar para o potencial artesão brasileiro.

Fonte : http://www.acasa.org.br/evento.php?id=185





























































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